Experimentamos muitas coisas ao longo da vida, muitas boas, outras nem tanto e algumas péssimas. No meio de tantas experiências, tudo o que não conseguimos nos lembrar direito, que não nos dedicamos a falar sobre, que não encontramos espaço para elaborar, encontra outras formas de se manifestar: nas nossas decisões, nas repetições, sofrimentos e até nos sonhos.
É a partir da análise, da fala e da escuta que somos convidados a olhar para o que está oculto ou pouco falado. É por meio da elaboração das histórias e angústias que nos fizeram chegar até aqui que se pode digerir e abrir espaço para novos caminhos e formas de existir em si mesmo.
O processo de análise não busca dar uma solução pronta, conselhos ou dizer o que se deve fazer. A análise não possui o mesmo método de tratamento que uma consulta médica, não busca manejar sessões de forma igual e não tem como finalidade adequar pessoas em um padrão. Não existe um modo padrão ou um tempo ideal de se lidar com o sofrimento, a maneira como cada pessoa sente, vive e passa por seus sintomas é singular, portanto, o tratamento também será.
O processo de análise também não é moralista, por isso, é por meio da liberdade da fala que a análise existe. O lugar do psicanalista não é o de julgar ou condenar, mas de escutar com o auxílio da teoria e ética, intervindo sempre que necessário e levando em consideração as camadas que atravessam as subjetividades de cada um que chega até o consultório.
Diferente de outras psicoterapias, fazer análise não é sobre corrigir o que está “errado”, mas sobre dar lugar para o que insiste em aparecer, mesmo quando tentamos silenciar. É o local para falar de dores que não cabem no dia a dia, das repetições que te prendem na hora de fazer escolhas. Um processo de análise visa que a pessoa que entra em contato com ela consiga se autorizar a agir, mesmo diante da incerteza, mesmo sem garantias.
Fazer análise é ser acompanhado nas descobertas de seus desejos, na construção de novas narrativas e compreensão da sua parte nas condições do seu sofrer. Recebe-se escuta, tempo e espaço para encontrar aquilo que é seu: seu desejo, sua história, sua palavra.